domingo, outubro 25, 2009

Coluna de Jornal


A Cama na Varanda: Perigos do amor romântico

POR REGINA NAVARRO LINS, RIO DE JANEIRO

Rio - Certa vez, uma amiga me descreveu seu namorado como inteligente, culto, gentil, bonito. Dizia ter encontrado a “pessoa certa”. Foi enorme a surpresa que tive ao conhecê-lo. Na realidade, ele não correspondia a nenhuma das características que ela lhe atribuiu, pelo contrário, era o oposto de tudo.

O amor romântico não é apenas uma forma de amor, mas todo um conjunto psicológico — ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas idéias coexistem no inconsciente das pessoas e dominam seus comportamentos, determinando como devem sentir e reagir. Ele não é construído na relação com a pessoa real, e sim sobre a idealização que se faz dela. Mas a proposta é muito sedutora. Que remédio melhor para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com o outro? A partir daí, surgem crenças equivocadas como: quem ama não sente tesão por mais ninguém; o amado deve ser a única fonte de interesse; todos devem encontrar um dia a “pessoa certa”. Mas por mais encantamento que cause num primeiro momento, ele se torna opressivo por se opor à nossa individualidade.

Assistimos a grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose — se fechar na relação com o parceiro — e o desejo de liberdade. Mas quando alguém alcança um estágio de desenvolvimento pessoal em que descobre o prazer de estar sozinho, se dá conta de uma profunda mudança interna.

Preservar a própria individualidade passa a ser fundamental, e a idéia básica de fusão do amor romântico, em que os dois se tornam um só, deixa de ser atraente. Por enquanto, não há dúvida de que desejar viver relações de amor fora do modelo romântico pode ser frustrante. As pessoas são viciadas nesse tipo de amor e fica difícil encontrar parceiros que já tenham se libertado dele. Mas acredito ser apenas uma questão de tempo.

Bonnie Kreps, cineasta canadense que escreveu um livro sobre o tema, diz que deixar o hábito de “apaixonar-se loucamente” para a novidade de entrar num tipo de amor sem projeções e idealizações também tem sua própria excitação.

É a mesma sensação de utilizar novos músculos, que sempre tivemos, mas nunca usamos por causa de nosso modo de vida. No entanto, ao começar a utilizá-los podemos fazer com nosso corpo coisas que antes nunca conseguimos. Para ela, os músculos psicológicos também existem e devemos olhar através da camuflagem do mito do amor romântico a fim de encontrá-los - e, então, ver com o que se parecerá o amor quando mais pessoas começarem a flexioná-los.

3 comentários:

Marilis Dutra disse...

Que olhar para o amor
é polemico essa questão que você colocou
mas tem muito sentido... muitas vezes deixamos de viver nossa própria vida para viver a vida do outro... damos um amor intenso e esperamos o mesmo do outro...

Anônimo disse...

gostei muito do que escreveu (:
hahaa. larga meu namoradinho? rs.

A.C. disse...

*----------*

Quee massterrr colega.

Foi feito pra mim mesmo *-*

shihihihh

Ahh, mas que o meu 'namorado' é perfeito... ahh isso ele é ;Q

shaushausa

Beijos

Obrigada pela visita no meu blog.
*-*